sábado, 18 de maio de 2013

A PUBLICIDADE NA INTERNET E NA TV




Por Aleluia, Hildeberto

Apesar do avanço da Internet, de sua imensa capilaridade e da sua formidável audiência, na hora de traduzir isso tudo em lucro e ,comparado à televisão, o faturamento é inexpressivo, principalmente aqui no Brasil. Em recente edição do final de março de 2013, o periódico eletrônico ADnews nos informa que o faturamento da área publicitária passou  dos 25 bilhões de reais no ano de 2012. Desse total, a TV ficou com quase 80 por cento e a Rede Globo de TV abocanhou 60 por cento dos 80, tendo ficado com um faturamento líquido de 14, 7 bilhões de reais, segundo o ADnews. Descontando impostos, despesas gerais, folha de pagamento e outros, ela deverá ficar com um lucro líquido igual à metade dessa bolada. Qualquer coisa em torno de 6 a 7 bilhões de reais. Igual a 3,5  bilhões de dólares, mais ou menos. Enquanto isso, a internet ficou com pouco mais de 6 por cento do bolo, algo equivalente a 2 bilhões. Talvez um pouco menos ou um pouco mais.  O Interactive Advertising Bureau (IAB Brasil), principal órgão representativo do segmento digital, divulgou recentemente projeções de faturamento e crescimento da publicidade digital para 2013. Segundo ele o mercado publicitário na Internet atingiu 32% de crescimento e se consolida como o segundo maior meio em participação no bolo publicitário, ultrapassando jornais e ficando atrás apenas da TV
Nada expressivo diante do tamanho dos números e da quantidade dos que navegam  na Rede da net. Considere ainda que a audiência da TV, de um modo geral e, especialmente da Rede Globo, não para de cair. Seus executivos em falas públicas não invocam mais os números da audiência. Direcionam suas falas para o que eles chamam de “expressão do produto”.
Traduzindo esse axioma, é algo como admitir que esse faturamento contundente já não é mais por causa de expressiva audiência e sim pela qualidade e a segmentação de sua programação. Como ela (a Globo) ainda é a líder, pode se dar a esse luxo de um faturamento assombroso diante de uma audiência cada vez menor. E eles, os executivos, também propagam que a internet não é concorrente, é parceira. Pode ser. Mesmo completando 30 anos de ascensão e uns 20 anos de implementação maciça, o certo é que até hoje a Internet não encontrou um modelo de negócio. Cresce sua penetração e abragencia, aumenta o número de horas em que as pessoas se dedicam à navegação e avoluma-se o número de aparelhos móveis de acesso rápido à Rede.
De acordo com estudo realizado pela empresa de consultoria IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, espalhadas por mais de cem países, o tablet é o dispositivo que apresenta maior taxa de crescimento no mercado brasileiro. Durante o ano de 2012, foram vendidos 3,1 milhões de unidades, ou seja, 171% mais do que em 2011, quando o País havia comercializado 1,1 milhão de equipamentos. Somente no quarto trimestre foi de 1,1 milhão.

Ainda segundo o estudo da IDC, do total de tablets vendidos, 77% têm o sistema operacional Android e quase 50% dos dispositivos custaram menos de R$ 500. "A entrada de equipamentos com esta faixa de preço foi o principal fator para o aumento significativo de vendas de tablets em 2012. Em 2010 e 2011, os valores ainda eram considerados altos e o leque de opções não era tão extenso. No ano passado, algumas empresas que até então fabricavam GPS passaram a produzir tablets e os preços ficaram mais convidativos. Além disso, a maioria dos fabricantes de computadores que atua no mercado brasileiro está incluindo o tablet em seus portfólios de produtos", declara Pedro Hagge, analista de mercado da IDC Brasil.

Dos 3,1 milhões de tablets vendidos em 2012, 88% foram para usuários domésticos e 12% para o mercado corporativo. Na comparação com 2011, o segmento doméstico cresceu 159% e o corporativo 303%. "Desde que os tablets foram lançados, é um mercado que sempre aponta para números crescentes, ou seja, em nenhum trimestre houve queda. Com certeza é um dispositivo que colabora para a inclusão digital já que é boa alternativa para quem precisa consumir conteúdo e não produzir muita informação", completa Hagge. O analista da IDC Brasil conclui também que a chegada do tablet aumentou o tempo de vida de um computador, fazendo com que o consumidor demore mais tempo para renovar seus desktops ou notebooks. "Embora o usuário esteja comprando menos computadores, entendemos que os dispositivos têm funções bem distintas e que o tablet não é, de forma alguma, um substituto", finaliza Hagge.

Quando comparado com o mercado de computadores no Brasil o que se vê é que foram vendidos, em 2012, um tablet para cada cinco computadores. Em 2011 era um tablet para cada 14 computadores. Nos Estados Unidos, vendeu-se, em 2012, praticamente um tablet para cada notebook. Já na China foi um tablet para cada oito computadores. No ranking mundial do mercado de tablets, o Brasil ocupa a décima posição. O país havia fechado 2011 na décima segunda posição.

Cresce o número do comércio eletrônico e melhora o controle, por parte do consumidor sobre a eficácia da prestação de serviços. Em matéria de lazer e informação, a Internet ultrapassa todos os outros meios de comunicação, mas ainda não consegue traduzir tudo isso em dinheiro, como faz a TV, mesmo com sua audiência minguando cada vez mais.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O FILÓSOFO




Wilson Ibiapina

Solenidade de entrega do Grande Colar do Mérito do Tribunal de Contas da União a Yolanda Queiroz, presidente do Grupo Edson Queiroz, ministro Ubiratan Aguiar, Ariano Suassuna, médico José Carlos de Almeida e ministro Ayres Brito. O então presidente do Supremo é escalado para agradecer em nome dos homenageados.

Ayres Brito aproveita o discurso para contar uma historinha envolvendo Sócrates, filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga:

“Um dia, passeando por um jardim, um de seus discípulos aproxima-se e pergunta:
  • Mestre, o homem deve casar ou permanecer solteiro?
Sócrates pensa e responde:
  • Olha meu filho, seja qual for a decisão virá o arrependimento.

Dois anos depois, o discípulo fica sabendo que Sócrates casou com Xântipe ( em grego, cavalo loiro). Ele estava com mais de 50 anos de idade. A mulher era nova, mas muito feia, de difícil convivência e muito pouco dotada fisicamente.

O discípulo volta a perguntar:

- Mestre, agora que o sr. está casado, ainda permanece com a opinião sobre qual for a decisão vira arrependimento?
  • Não, meu filho, agora tenho melhor condição de opinar. Case. É o conselho que lhe dou, case. Se você tiver a sorte de encontrar uma mulher bonita, carinhosa, gentil, solidária, você será feliz.

  • Mas, se por azar, encontrar uma mulher igual a minha, será um filósofo”

    Sócrates


VOCÊ AINDA TEM VERGONHA DE PEDIR UMA CACHAÇA?


 

Wilson ibiapina

A cachaça, feito o samba “Tempos Idos”, de Cartola, aos poucos se aprimora e, sem cerimônia, parte para o estrangeiro. De conquista em conquista penetra na alta sociedade e já é vendida em bares e restaurantes sofisticados, destronando o velho preconceito que a transformava em bebida de pobre e irresponsável.

A cachaça faz parte da cultura de nosso país, mas, apesar de seu sabor único, de ser a bebida nacional, é discriminada. Ainda hoje tem  quem morre de vergonha se for flagrado tomando um gole de pinga. Talvez por causa do preço, virou bebida de pobre. Como é muito barata, a moçada abusa do aperitivo. Bebe até cair, ajudando a estigmatizar o produto que ainda é tido por alguns como bebida de gente desqualificada.

Chamar alguém de cachaceiro é uma ofensa imperdoável, a não ser que o cidadão tenha presença de espirito e tire de letra como fez o ex-prefeito de Caucaia, município do Ceará. Domingos Pontes discursava inaugurando obras no mercado municipal, quando ouviu um grito: Cala a boca, cachaceiro!!
Domingão, sem perder a pose, respondeu na lata: Quem dera fosse eu um cachaceiro, um fabricante de aguardente. Infelizmente, sou apenas um humilde consumidor.

No Nordeste, até a literatura de cordel faz coro na discriminação:

“A cachaça é moça branca
Filha do pardo trigueiro
Quem bebe muita cachaça
Não pode juntar dinheiro.”

Os mineiros, com suas marcas artesanais, suavizaram o sabor. A bebida vai penetrando que nem faca em melancia. Hoje já se vê até grupos de mulheres em bares, restaurantes, jogando conversa fora em torno de uma pura.

A compra da Ypioca pela britânica Diageo, fabricante do Johnnie Walker, um negócio de R$ 900 milhões, ajuda a diminuir preconceito.

A última vitória da cachaça vem dos Estados Unidos, onde foi oficialmente reconhecida como produto de origem exclusivo do Brasil. Acabou com essa história de “brazilian rum”.

O jornalista e escritor Reginaldo Vasconcelos não esquece “a história do cara que quis tomar cachaça no restaurante de um hotel 5 estrelas da cidade.  Não serviam cachaça. Então ele quis saber se serviam caipirinha. Sim, caipirinha serviam. Pediu então uma caipirinha, porém sem gelo, sem limão e sem açúcar. E desse modo pôde tomar a sua pinga sossegado, num belo copolong drink.”

Acredito que está chegando o dia em que garçons se orgulhem de oferecer uma cana e que as pessoas não fiquem mais bebendo um scotch, vodca ou vinho com vergonha de pedir uma pinga.

LEMBRANDO NOSSOS PRACINHAS




Cel. Rui Pinheiro Silva

A tarde estava muito quente e o vento soprava devagar quando o amigo Jair Barreira, por telefone, me convida para um ato de solidariedade: comparecer ao enterro de um pracinha, herói da FEB - Força Expedicionária Brasileira - de nome Sebastião que, com noventa anos e dezoito filhos, baixa ao campo santo. 

O convite está nos jornais e lá fomos nós. Ao encerramento da missa de corpo presente, algumas palavras do coronel Assis e a inusitada homenagem do coronel Praxedes cantando a bela Canção do Expedicionário que levou todos os presentes às lágrimas. Ao descer à cova, o clarim sufoca os corações com o toque nostálgico do silêncio que ressoa pelo enorme cemitério, já sob os últimos raios do sol que vai se ocultando no poente. A humilde família enlutada, lentamente se dispersa. 

Fico pensando: pouco a pouco, vão desaparecendo os pracinhas brasileiros, heróis da 2ª. Grande Guerra. Hoje, o preparo de uma força de paz de mil militares, como a que se destina ao Haiti, onde a ameaça é a de gangues armadas de fuzil, leva 6 meses. Em 1943, para mobilizar 25 mil combatentese prepará-los convenientemente, levou-se um ano, e, olhe que o inimigo era a poderosa Wehrmacht do sanguinário Hitler. 

Sem dúvida, a FEB foi a afirmação da dignidade do soldado brasileiro diante da afronta nazista afundando traiçoeiramente nossos navios mercantes eceifando a vida de 2 mil compatriotas. Nossos irmãos e irmãs febianos honraram a Pátria e com o risco e o sacrifício da própria vida souberam deixar uma história de coragem e heroísmo que lentamente, nós todos, fomos deixando cair no esquecimento. Qual o livro de história atual que narra às crianças do nosso tempo as grandes vitórias alcançadas nas terras geladas da Itália pelos nossos combatentes? Nenhum. Pois bem, muitos desses heróis não regressaram ao Brasil para viver as alegrias e as conquistas de uma vida plena, trabalhando e constituindo família e criando seus filhos. Ficaram no campo santo de Pistóia. Os que voltaram, após serem ovacionados nos desfiles convencionais, fora de forma, tchau, passe bem... 

Que brasilidade é esta? Por isso, já dizia o padre Antônio Vieira: “se servistes à Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma”. 

LANCAMENTO LIVRO EDILMA - TV CEARÁ

E O CRIOULO DE 1888 ESCAPOU DA ESCRAVIDÃO....




Luís Joca
Este é Francisco Teixeira Joca, meu pai, crioulo como eu. Esperto, esperou e nasceu em 1888, mas em novembro, para não ser escravo, pois a Lei Áurea, da Princesa Isabel, acabara a escravatura a 13 de maio. Aos 40 anos, já viúvo, com 3 filhas, pegou a gatinha da minha mãe (Tereza), com 17 aninhos, neta de português, branquinha. Parece que ela gostou, teve 15 filhos. Este “Chico Joca” me fez aos seus 62 anos........”Viajou” aos 75.....Já líamos jornal juntos....!!!!


A TÁBUA DE DEUS



Reginaldo Vasconcelos*

Não pratico mais a boemia, já faz algum tempo. Não que tenha adquirido qualquer desapreço à frivolidade dos botecos, aos improvisos líricos da folgança noturna, à estética feliniana das orgias. Não. Continuo a valorizar tudo isso com o mesmo vigor, com a mesma seriedade que devoto aos cultos e aos templos – tudo a seu tempo e modo certo.

É que hoje faleço de amigos que valham a pena acompanhar. Muitos dos velhos companheiros estão velhos, vários faliram, ficaram pobres de cobre ou de esperança. Outros se acovardaram às próprias mulheres e abandonaram o gosto pelas impróprias, que sempre flutuam nas noites de esbórnia.

Há ainda alguns que perderam a poesia, que demitiram seus duendes, que deliram os filósofos, que vazaram da esfera supra-real do mundanismo e caíram na senda da fé na vida eterna, embriagados de aprumo e certeza. Estes, uma vez na pinguela mística, não voltam mais à terra firme. Não se deve tocar neles, que vão retos e crentes, ou escorregam para o caos.

Mas mantenho algumas sentinelas avançadas, espiões infiltrados, infantaria do hedonismo notívago, gente que forma nas gerações mais novas da família, a qual me traz freqüente notícia da alegria. Um dia desses meu irmão me dizia de uma farra, de quando nela apareceu Luciano Maia, o poeta-mor do nosso meio, já na madrugada, já na última taberna. Vinha bêbado, mas reciclado. De certo fora em casa, se banhara, mudara de roupa, beijara a mulher adormecida, e partira para um segundo, quem sabe terceiro turno de recreio.

Contou-me o informante que o vate boêmio, solitário, incorporou-se à sua roda, elogiou o assunto, impôs uma dose de vinho do Porto a uma das moças da mesa, com delicadeza irresistível. Perguntado, afirmou conhecer-me. Até se declarou amigo meu, agora exagero seu, para honra minha. Pode ser que apenas suprisse a memória, turbada pelo álcool, com qualquer sentença afirmativa. No fim da tertúlia entregou a carteira a um do grupo e pediu lhe pagasse a conta, e que lhe apontasse o automóvel, que não lembrava onde deixara.

Mas há um detalhe crucial. O bardo chegou à tasca às voltas com uma frase lapidar, que repetia entre dentes, como quem vai degustando um tinto, intrigado com o buquê, investigando suas notas de sabor. Por fim, resolveu compartilhar com a mesa a oração poética da qual estava enamorado: “A TÁBUA DE DEUS FERIU MEU ROSTO!”.

Meu irmão, que me relatava o ocorrido, não anotara o autor da frase, mas apenas que o poeta a atribuía a uma famosa poetisa, sem contudo acrescentar em que contexto aquele período se inseria. Mas tanto fazia. Não interessava a razão da denúncia, porque o seu encanto está na fórmula – o ferimento, o instrumento, o lugar da lesão, o autor do gesto.

Viajei ao Rio de Janeiro logo em seguida, para encontrar Artur da Távola, levando comigo aquela oração, contagiado pela magia de seus termos, pela forma hipnótica daquela metáfora e o seu lamento: a mulher ferida, a delicadeza do rosto, a rudeza da arma, o prestígio do agressor.

Em Copacabana, com um tio poeta que me hospedava em sua casa, caminhando na rua, no vagar de seus passos, entre uma farmácia e um Banco, uma quitanda e uma banca de revistas, transmiti-lhe aquele dístico mágico. “A TÁBUA DE DEUS FERIU MEU ROSTO!”.

Tio Zecarlos estancou um pouco a marcha, no meio da calçada – torrente de gente indo e vindo – para saborear as palavras. E me pagou com um outro fragmento poético, da lavra de Castro Alves, que comparou ao anterior, pela eficiente síntese que consegue: “Às vezes quando o sol nas matas virgens/ A fogueira das tardes acendia...”. Conta-me que ouvindo Eça de Queiroz ler a poesia “Aves de arribação", em que esse trecho se insere, Eduardo Prado teria observado: “Aí está, em dois versos, toda a poesia dos trópicos”.

No outro dia, já com Artur da Távola, quando nos entrevistávamos sobre a vida, entre rolinhos primavera do melhor chinês do Rio, no mesmo bairro carioca, repassei-lhe aquela frase poética colhida na noite cearense. “Adélia Prado!” – ele logo identificou a autoria. Então lembrei que a mesma Adélia, em um outro poema, fala do Criador em outro verso, menos queixoso, mais resignado: “Às vezes Deus me tira a poesia: eu olho pedra, e vejo pedra mesmo”.

Da janela do restaurante víamos o mar. Távola então concluiu a conversa, respondendo enfim à primeira pergunta que eu lhe fizera àquele dia, e que até ali ele deixara no ar, sobre o que preferia mesmo ser, entre tantos títulos que detém: “Sou poeta. Sinto-me poeta. É isso que sou”.


* Reginaldo é poeta e escritor cearense


LIÇÕES DE UM VELHO JORNALISTA



Wilson Figueiredo

Wilson Ibiapina

Ele é a cara do Jornal do Brasil. O jornal carioca já se foi das bancas mas ele continua na ativa. A primeira vez que ouvi seu nome foi pronunciado por Tarcísio Holanda, que tem uma admiração profunda por sua competência. Wilson Figueiredo, Wilson Charuto ( por causa do vício) ou simplesmente Figueiró, é um marco na história da imprensa.

Na entrevista que concedeu a Paulo Chico, publicada no jornal da ABI, Wilson Figueiredo analisa o cenário da imprensa, fala de sua trajetória e do amor ao texto. Diz que o jornalismo é um exercício literário.

Poeta por vocação, trocou a carreira literária pelo jornalismo. Nascido no Espirito Santo, a exemplo do gaúcho Mauro Santayana, do piauiense Carlos Castelo Branco ou do baiano Sebastião Nery, Wilson Figueiredo começou na imprensa mineira. Ele diz que se sente mineiro, “pois Minas é um vício”
Quando começou em 1944 na redação do Estado de Minas não existia curso de jornalismo. Desistiu de fazer Medicina e foi fazer jornalismo na redação. Lembra que era diferente. Tinha menos redatores e mais material. Recebia informação de agência e fundia tudo em matéria. Depois foi para O Jornal, no Rio e em seguida no Jornal do Brasil, onde ficou famoso como colunista e editorialista. Quando começou não havia curso, quanto mais diploma de jornalista. Acredita que o jornalismo de hoje só foi possível porque usou como mão de obra jornalistas que fizeram curso e chegaram com o diploma. Palavas dele: “Essa mania de combater o diploma não quer dizer nada. Talvez alguns precisem disso em um país de precário nível social. Mas o jornal precisa do repórter que saí, que vai para a rua e sabe do que está falando- sabe que é uma profissão. Os cursos de Jornalismo fizeram um bem enorme para a profissão. Acabar com a exigência do diploma, na verdade, apenas desestimula o jovem a estudar.” Algumas de suas opiniões:

A INTERNET


“A criação de novos meios fez do jornalismo uma coisa maior do que ele é e acabou por enriquecer e diversificar a prática. Agora, por outro lado, surgiu o amadorismo no lugar do profissionalismo. Nesse ambiente há uma tendencia que escapa ao princípio do jornalismo, que é a impessoalidade.”

JORNALISMO

“Para mim, o jornalismo não é o jornal. Ele já existia mesmo antes de haver o jornal. O jornal tornou-se veículo de uma coisa chamado jornalismo, que nada mais é do que uma plataforma, um meio de progressão da informação, do andamento das notícias, da difusão das ideias, dos costumes. Vi o rádio nascer. Naquela época disseram que o rádio iria matar o jornalismo impresso. Bobagem. Pelo contrário, o jornalismo ganhou foi um aliado. O mesmo aconteceu com a televisão e agora se repete com a Internet. Ou seja, a tecnologia em questão pode até ser nova, mas essa história de fim do jornal impresso é velha pra caramba.”

Hoje , aos 88 anos de idade, Wilson Figueiredo continua na ativa. Conta Paulo Chico que ele vai a pé de sua casa no Leblon, até Ipanema, onde trabalha na FSB Comunicações. Quase todo dia, para mostrar seu vigor, que não sente o peso da idade. Wilson Figueiredo se diverte quando lhe perguntam se é o jornalista mais velho na ativa: “Evito pensar que possa ser o mais antigo jornalista em atividade no País. Há de haver outro desgraçado, e ainda mais velho, por aí.”

DEU NO MACÁRIO



A noite dos Ibiapina

Edilma Neiva, agora escritora, lançou seu livro “Ciclos da Vida” no Ideal Clube. Na mesma noite de autógrafos, a Academia Cearense de Letras e Jornalismo, empossou o marido dela, o também jornalista Wilson Ibiapina na cadeira 39, que tem como patrono o saudoso TT-Tarcisio Tavares. Foi um instante de estrelas que lotou a área cultural do Ideal com o prestígio de presenças ilustres e queridas, como os dois. Fernando Cesar Mesquita saudou a Pereline de Ibiapina e Ubiratan Aguiar o livro de Edilma.


O poeta e escritor Durval Aires esteve no lançamento do livro da Edilma Neiva em Fortaleza e depois na homenagem ao chanceler Airton Queiroz prestada pela Academia Cearense de Literatura e Jornalismo. Veja o registro que ele fez em seu blog Clareiras:   
Em noite animadíssima de cultura ideal, a goiana Edilma Neiva, após a posse de seu esposo (Wilson Ibiapina se fez membro da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo) lançou seu primeiro trabalho ficcional, intitulado de “Ciclos da Vida”. Pois bem: entre autógrafos, livros e taças,  registro presenças prestigiadíssimas, notadamente, nomes da imprensa cearense. Logo na entrada, abraço Edilmar Norões, comprimento Macário Batista, Guto Benevides, depois Fernando César Mesquita e Pádua Lopes, que, noutra celebração que a mesma ACLJ homenageou o Chanceler Ayrton Queiroz, quer saber como sobrevivi. Respondi: "sem dificuldade, e, mais ainda, apesar do festejo ter prosseguido em altas horas, (havia me encontrado com o Flávio Torres), hoje, já li o romance por inteiro, meu amigo".

Realmente, depois da leitura, observo que Edilma vai a um alvo mais forte, certeiro, estreando com um empreendimento literário que mexe com a sensibilidade e emoção do leitor. Aviso aos viajantes de primeira volta: "Ciclos da Vida" é um livro bem editado, comovente, bonito,  desses que a gente abre e não tem mais vontade de fechá-lo. Quando acaba, remanesce um gostinho de "eu quero mais". Um livro natural, como o ar que respiramos, portanto, formalmente, horizontal, sem rompantes estéticos, sem discursos livres ou revolucionários, tão em voga após os anos 60. O que se descortina pela leitura, essencialmente, é um tecido de um trabalho brilhante, mas com aquele sol que abre o primeiro capítulo (volta ao passado), astro a lumiar o extremo do horizonte, anunciando o final de mais um monótono dia. 

Também arrisco a dizer, em vista deste solar, duas coisas: primeiramente, trata-se de um romance telúrico-proviniciano, no melhor sentido, embora dele se extraia alguns takes rodados em Londres. Ainda bem. Basta de cidades grandes com os seus imensos problemas urbanos. Outra, é  que Edilma produz um romance outonal, posto que o amor entre os personagens principais se consumam de forma indireta, depois de muitos ciclos, pelos filhos, dadas as circunstâncias e contingências que tangenciaram as suas vidas. Quero dizer mais do que isso: o romance fecha o seu último ciclo, mas a vida dos personagens continua além texto, ultrapassando os episódios mais corriqueiros, ao encontro do que é  mais  eterno e duradouro.


Primeira capa do livro de Edilma 
 lançado no Ideal Clube
A rigor,  se fosse possível classificar esse romance, (uma ação meio démodé após os ditos anos da nouvelle vague) diria cuidar-se de uma perfeita narrativa infanto-juvenil, ou um livro para todas as idades, não só pelo êxito da simplicidade do texto, mas em vista da fabricação do próprio enredo, a fabulação em si, que oferece alternativas para que os seus personagens se encontrem, transitem em diversas proporções geográficas, resolvam seus próprios conflitos, através de uma técnica macia, encantadora, construindo uma narrativa uniforme, sem surpresas, mas, ao mesmo tempo, surpreendente, por que o simples é algo deveras difícil de ser alcançado. E mesmo nos momentos mais tensos, devido a truculência de um dos personagens, o curso da narração não sofre nenhuma alteridade. O tom da narrativa termina exatamente como começa. Muita gente poderia nomear isso de estilo, mas eu prefiro defender esse tom como uma unidade textual, concisa e clara, uma virtude que certamente traz da marca expressa na profissão que a escritora adotou como forma material: o jornalismo.


A autora com Raquel e este Blogueiro, no momento do autógrafo 

Após o exame desses ciclos, é claro que o grosseiro do Adolfo Caldas (que partiu dessa para uma melhor), a Dona Irina (uma santa, mulher sensível e decente), o Joslau Montenegro e os  demais personagens (os filhos), todos ganhando dimensões existenciais, se movimentando nas locações imaginadas pela autora, e tomando decisões, acertadas ou não, mas decisões que são absolutamente adequadas ao tempo em que passa a narrativa,  bem poderiam ser sujeitos de um enredo para uma telenovela ou mesmo servir de matéria prima para um roteiro cinematográfico. Uma série, em poucos capítulos, quem sabe. Aliás, o próprio livro já se apresenta assim pela escrita fácil que Edilma Neiva instaurou nesse belo romance, lançado sem alarde, sem impacto, com certa timidez até, comparada as estreias, seguidas de muitos barulhos e diversas resenhas, com o entusiamo que se apaga com a leitura das primeiras linhas do novel texto festejado.

Bem, estas são as minhas  impressões, o que desaconselham a penetrar na estória, na trama e na sua exitosa resolução. A propósito, os círculos são construídos e, sequencialmente,  inicia-se um, ao término do outro, como a vida dos personagens, a nossa vida. Afinal, a arte é imitação de tudo isso que nos rodeia, circula e fecha. Essa é a lição dessa maravilhosa composição literária. Nessa altura, comentar a estória seria como contar o enredo de uma película, com todos os detalhes, antecipando o seu grand finale justamente para quem está na fila do cinema. Não vou estragar esse prazer que eu experimentei depois de  JB Serra e Gurgel, do Ministro Ubiratan Aguiar e, com certeza, do novo acadêmico Wilson Ibiapina, que, por razões óbvias, constitui o primeiro leitor de Edilma, desde quando o livro era apenas originais. Nada mais a dizer, senão desejar uma boa leitura dessa viagem sensacional. A literatura orgulhosamente agradece!

HORAS CONCEDIDAS

O poeta Luciano Maia, o único de gravata cor de vinho, ao cunhar a expressão,  define-a como aquele momento em que há concessões em todos os sentidos. Normalmente, essas horas chegam quando  o tempo é de despedida, coroado com o último brinde (daquela noitada), a saideira, bem próximo ao pedido da despesa. É a quadra de partir, a hora "h" de bater em retirada, no idioma popular, o momento de "capar o gato".  Todos sabem que é hora de ir embora, mas mesmo assim há flexibilidade, alargamento, benevolência, um pequeno adiamento, acréscimo de tempo que está, certamente, na contabilidade da vida. Afinal, o relaxamento, o encontro com os amigos, as rodadas ou os bons tragos, não podem ser uma coisa assim rigidamente marcada ,  técnica, e burocrática. É justamente dessa burocracia que se quer afastado.  Não adianta romper esse hábito que é quase uma religião entre os que habitam as tabernas e os restaurantes da cidade. Duvida, amigo? Você pensa que é brincadeira, desobedecer esse credo?

Outro dia, era uma noite escura e chuvosa, um amigo saiu às pressas, sem o ritual do último trago, atendendo a ordem da mulher amada, que, por celular, o avisara do adiantado da hora. Mal rompia a primeira esquina, ao fazer uma curva, águas represadas em altura do cinto, as quais não passaram por mal cuidadas bocas lobos, fizeram o motor do carro enguiçar de vez. Se tivesse tomado a saideira, diria o Velho Noé (a maior autoridade em prevenção e dilúvios), certamente a chuva diminuiria de intensidade ou passaria de vez e as insolentes águas desagrupariam, escapando por algum outro orifício, privando o apresado amigo da inconveniência de chamar o reboque. Conclusão: chegou tarde em casa, teve prejuízos, como reprimenda, devido a recusa das horas concedidas. Sim, vale a advertência oficial: se beber, não dirija. Esse ônus pode ser desempenhado pela esposa, no caso de dispensa de motorista, e esta disposição também faz parte das "horas consentidas". 

Estas três imagens, fotos colhidas da homenagem em que ACLJ prestou ao Chanceler Ayrton Queiroz, são flagrantes bem sucedidos de "horas concedidas". As locações são da cobertura da sede da Associação Cearense de Imprensa, antigo prédio da Rua Major Facundo, porém, conservado.


Este é o primeiro brinde, entre outros, o famoso "trinca de cristais"
                               

                      O blogueiro está entre Edson Neto, Wilson Ibiapina e Luciano Maia

Momento alto das "horas concedidas". Ricardo Bacela (conselheiro da OAB), Igor Queiroz Barroso, Luciano Maia, Wilson Ibiapina  e José Augusto Bezerra (Presidente da ACL) ladeiam o blogueiro e os confrades. Todos já haviam sido notificados pelas respectivas mulheres sobre o retorno que só aconteceu após alguns adiamentos.
                              

VISTA CANSADA



Otto Lara Resende

Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.

MEU JAPONÊS INESQUECÍVEL!




Marbo Giannaccini


Década de setenta no Japão. Uma reportagem me leva de Tóquio à Kobe, com uma excelente recomendação do Osvaldo Peralva,correspondente da Folha de São Paulo, ao Press Club local, que facilitou meu trabalho e as duas horas da tarde já tinha enviado minha matéria para São Paulo. Os jornalistas japoneses amigos do Peralva me levaram ao que disseram ser o melhor sushi do Japão. Não acreditei, pois em Tóquio estão todos grandes chefes japoneses incensados pela mídia e pelos clubes gastronômicos, mas, o ver para crer e a fome do dever cumprido me fizeram acompanhá-los. 

Ao entrarmos no sushiya, que é como os japoneses chamam as casas especializadas em sushi, fiquei meio decepcionado com o ambiente, que parecia um corredor longo com um balcão contínuo. Mas, a fome e a curiosidade falaram mais alto e depois de duas taças de sake meus novos amigos pediram o famoso sushi. Servido de modo tradicional, aos pares, tive uma sensação muito estranha quando o primeiro sushi se desfez na boca, aguçando todas as papilas do paladar a apreciar o que concordei em denominar o melhor sushi do Japão. Embora a gastronomia não fosse meu forte, minha experiência desde a infância em São Paulo no convívio com nisseis e japoneses me permitiam identificar uma boa ou má comida nipônica. 

Repetimos algumas vezes aquela dupla maravilhosa e no final perguntei se podia conhecer o sushiasan, o chefe da casa de sushi. Não demora muito lá vem o japonesinho jogando o corpo de um lado para outro, com o tradicional lenço amarrado na testa e nos cumprimenta com uma reverência. Depois de apresentado como jornalista brasileiro, perguntei de chofre em japonês: - Como é seu nome? Foi ai que conheci meu japonês inesquecível! SEVERINO, da Serra da Ibiapaba, mas pode me chamar de Severino da Serra Grande. Estava ali o ex-cozinheiro de navio que um dia aportou em Kobe e uma linda japonesa retemperou seu querer.

DEU NO MACÁRIO


Casa do Ceará em Brasilia resguarda histórias dos pioneiros


Ministério da Cultura aprovou projeto dos 50 anos da Casa do Ceará a ser financiado pelo Grupo M. Dias Branco . O Secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, substituto, do Ministério da Cultura, Jorge Alan Pinheiro Guimarães, assinou portaria 13 1702, aprovando o projeto - 50 anos da Casa do Ceará em Brasília, publicado na edição de hoje , 09.05, no Diário Oficial da União. O Projeto que marcará os 50 anos da Casa do Ceará em Brasília será integralmente financiado pela empresa M. Dias Branco, de Fortaleza, a maior empresa brasileira da área de massas .

Os 50 anos da Casa do Ceará serão comemorados no dia 15 de outubro. O livro a ser impresso mostrará as biografias de 150 cearenses que chegaram a Brasília e aqui deram sua contribuição para a consolidação de Brasília e da Casa do Ceará. - A presença dos cearenses em Brasília/DF Casa do Ceará em Brasília CNPJ/CPF: 00.096.933/0001-24 Processo: 01400.004660/20-13 DF – Brasília Valor do Apoio R$: 220.500,00. Prazo de Captação: 09/05/2013 a 31/12/2013 

Resumo do Projeto: Nos 50 anos da fundação de Brasília, a Casa do Ceará em Brasília editou um livro com a história de cearenses que deram sua contribuição para a consolidação e o desenvolvimento de Brasília. Agora, além deresgatar novas histórias de outros cearenses, propomos uma nova edição,com a inclusão desses cearenses, o que consolidaria o projeto decomemoração dos 50 anos de fundação da Casa do Ceará em Brasília.

Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina